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wGritos e Sussurros |
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wsegunda-feira, 29 de agosto de 2005 |
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Esta sexta estréiam quatro filmes brasileiros: Coisa de Mulher, Coisa Mais Linda, Diários de um Novo Mundo e Gaijin - Ama-me como Sou.
Fora o fato mais que louvável de cada vez mais filmes conseguirem chegar aos cinemas, é estranho pensar nisso. Ainda mais se encontramos entre dois desses filmes, aqueles que têm a pretesão de serem popular (Coisa de Mulher e Gaijin). Porque estrear ao lado de outros três filmes nacionais é tiro no pé.
Coisa de Mulher é o primeiro filme da SBT Filmes, produzido em parceira com a Diler. Inicialmente, tinha tudo pra ser mais um filme-veículo, que serve pra mostrar atores de TV, como a Diler está acostumada a produzir (Xuxas, Didis, Padres Marcelos...). Acontece que não. Sob a direção de Eliana Fonseca, o filme vai muito além disso. É uma mistura de Falando de Sexo e Dr. T e as Mulheres, dois filmaços do cinema americano recente que foram bem mal recebidos por aqui. Aliás, por aqui e pelo mundo. Digo mais: Coisa de Mulher poderia se chamar Falando de Sexo, porque esse é o tema central do filme e há anos, no mínimo desde a """"retomada"""", eu não via um filme nacional falar tão abertamente sobre esse assunto. Além de ser hilário. Uma comédia rasgada, leve, cheia de cores: a pretensão é mesmo ser um filme popular.
Esse caminho do popular é o mesmo que segue Gaijin, que vai estrear com 100 cópias pelo país, número a meu ver bem alto, ainda mais pro filme que é. Ainda não vi, mas me parece estar longe do perfil dos filmes que fizeram dinheiro nos últimos anos no país.
Coisa Mais Linda é um filme "de Paulo Thiago" e "sobre a bossa nova". Em duas palavras: CRUIZ CREDO!!!!! Quem não curte uma bossa nova? Mas a última coisa que eu quero ver é um documentário do Paulo Thiago com aquele bando de vovô lembrando os velhos tempos. O trailer já me deixa nervoso. Desse eu vou passar longe.
E Diários de um Novo Mundo é aquele filme de época que estreou la em Gramado. Apesar de ser com Edson Celulari e Daniela Escobar, não me parece ter o menor apelo popular. Na verdade, parece ser um lixo! Um lixão. Mas esse eu quero ver, por curiosidade.
Dos quatro, acho que Coisa de Mulher é o que tem chances de fazer mais dinheiro, mas ainda assim, não sei se vai chegar a ser um hit. E é também o que primeiro marcou sua estréia pro dia 02 se setembro. Em seguida veio Gaijin, depois Diários e então Coisa Mais Linda, se não me engano.
Seja como for, boa sorte aos quatro hehehehe. E conclamo todos a assistir Coisa de Mulher no fim de semana da estréia, pra bilheteria ser boa e ele continuar em muitas salas. Porque é filme é FODA!
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João Cândido at 18:21
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wsábado, 27 de agosto de 2005 |
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Première Brasil - Mostra Competitiva de Longas de Ficção:
ACHADOS E PERDIDOS, de José Joffily CAFUNDÓ, de Paulo Betti e Clóvis Bueno CARREIRAS, de Domingos Oliveira CIDADE BAIXA, de Sérgio Machado CINEMA, ASPIRINAS E URUBUS, de Marcelo Gomes CRIME DELICADO, de Beto Brant A MÁQUINA, de João Falcão TAPETE VERMEVERMELHO, de Luiz Albeto M. Pereira VESTIDO DE NOIVA, de Jofre Rodrigues VINHO DE ROSAS, de Elza Cataldo
Première Brasil - Mostra Competitiva de Documentários de Longa-Metragem:
500 ALMAS, de Joel Pizzini ABOIO, de Marília Rocha DEIXA IR, de Roberta Marques DO LUTO À LUTA, de Evaldo Mocarzel DO OUTRO LADO DO RIO, de Lucas Bambozzi MISSIONÁRIOS, de Cleisson Vidal e Andréa ????? MOACIR ARTE BRUTA, de Walter Carvalho SOU FEIA MAS TÔ NA MODA, de Denise Garcia SOL, CAMINHANDO CONTRA O VENTO, de Tetê Moraes e Martha Alencar TUDO SOBRE RODAS, de Sérgio Bloch
Première Brasil - Filmes Hors-Concours:
ÁRIDO MOVIE, de Lírio Ferreira DOUTORES DA ALEGRIA, de Mara Mourão O FIM E O PRINCÍPIO, de Eduardo Coutinho
Bela seleção, apesar de não terem aceitado O Primeiro Grito. Filmes que veremos com certeza (mesmo estando alguns deles programados pra entrar em novembro) serão os dois de Cannes (Aspirinas e Cidade Baixa), o Beto Brant, o Árido Movie, o Carreiras, CLARO!, e o Coutinho. Filmes que é bem provável que e vejamos, embora a animação não seja tão grande, são o Joffily, o Cafundó e o João Falcão. O tiro no escuro, curiosos pelo título, é Sou Feia Mas Tô na Moda. Aliás, fora esse, nenhum documentário anima, já que o Mocarzel já foi visto no É Tudo Verdade (e é ruim).
E notícia saiu hoje que Gus Van Sant vem ao Rio mostrar Last Days. Lindo! Melhor notícia possível depois da vinda do Vincent Gallo. Agora só falta Sofia Coppola!
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João Cândido at 00:14
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EXTREMO SUL*** Filme de não-filme
Cinco escaladores subindo o monte Sarmiento. A primeira cena mostra Monica Schmiedt, co-diretora e produtora do filme, subindo uma montanha sozinha e, numa narração em off, diz: “Escalar o Sarmiento: um desafio. Mas eu tinha que tentar”. Daí pra frente e por um bom tempo Monica (e qualquer vestígio de que uma filmagem esteja acontecendo) desaparece do filme. Seguimos cinco homens, escaladores, que se mostram para nós totalmente preparados para o desafio: escalar aquela montanha tão difícil, feito só conquistado três vezes na História. Conhecemos a montanha e cada um dos personagens. Dentre aqueles cinco homens, um deles, Barreta, toma o papel de protagonista. Sendo o idealizador do projeto (da escalada, não do filme) e portando uma câmera de mão que utiliza como um diário, toma para si, pelo menos durante a primeira metade do filme, o papel de narrador.
Nessa primeira metade, segue-se a cartilha básica dos filmes de aventura: um grupo de esportistas com desafio xis que será ou não alcançado. Mas no entusiasmo dos cinco esportistas, algo parece estranho. Sentimos que há algum exagero na ansiedade meio infantil de Barreta em elogiar seus companheiros (“meus ídolos” ou “as únicas pessoas com quem eu subiria o Sarmiento”, ele diz). Por outro lado, os outros quatro integrantes do grupo passam a se encaixar em algum papel específico, algum estereótipo. Temos então o experiente, o professor, o sábio e o jovem cheio de garra. Assim os cinco chegam ao pé da montanha e armam acampamento. Alguns dias esperando o tempo bom, nada de muito interessante acontece.
Ao se aproximar do enfadonho e do repetitivo, ouvimos a voz de Sylvestre Campe, co-diretor e fotógrafo, que diz “Peraí que eu tô me vendo”. Barreta abaixa a cabeça e o diretor aparece refletido em seus óculos escuros. De repente, em uma meia dúzia de frases, o filme se rasga ao meio. Descobre-se que há toda uma equipe de filmagem ali, que há uma equipe de apoio, que há dois acampamentos e, mais forte, que o grupo de escaladores está dividido. A amizade e admiração que parecia ser a força (chata) do processo até ali está rachada.
E ali, naquela segunda metade do filme, Schmiedt e Campe vão se jogar ao inesperado. Entre a ansiedade de Barreta por subir a montanha e a cautela extrema dos outros integrantes, os diretores se vêem de mãos amarradas. De um lado, Nativo, o que vestira a roupa do “experiente”, diz que o Sarmiento é muito maior e perigoso do que eles imaginavam e que a responsabilidade de levar uma equipe de filmagem seria grande demais pra ele. Do outro, diz Barreta que seu único desejo é escalar, mas sabe que sozinho não conseguirá.
A coragem da mise-en-scène em seguir o inesperado (que em alguns momentos beira o absurdo, como as claras desculpas esfarrapadas dos integrantes de não aceitarem subir sozinhos com uma câmera de mão porque “eu não sei filmar” ou porque “o metal pode ficar muito frio e eu não conseguir segurar”) nos dá pelo menos dois momentos para se guardar. O primeiro é um plano em que Campe filma Barreta em sua barraca, de fora pra dentro e Barreta esfrega os olhos. Campe diz “Vamos pensar em coisas positivas, talvez ainda dê pra subir” e Barreta, como que ciente do fracasso, fecha o zíper da barraca sem responder. O outro momento é quando, entrevistando um dos “desertores”, Monica pergunta “Tivemos quatro dias de sol seguidos. Porque não tentar agora?” e o entrevistado responde “Essa pergunta já não faz mais sentido, o momento de atacar já passou. Pra que atrito agora?”. O que esses dois planos deixam bem claros é que o grande fracasso da expedição consistiu numa dificuldade muito forte de se relacionar. Aquelas pessoas ali, 27 dias isoladas no sul do continente, não conseguiam conversar e dizer o que pensavam e propor idéias. O fracasso não aconteceu porque o Sarmiento assusta ou porque eles não estavam bem equipados. Aconteceu porque aqueles homens não conseguiram se comunicar.
E o rosto entristecido de Monica Schmiedt na última cena, vendo a montanha se distanciar, mostra o verdadeiro tema de Extremo Sul: o fracasso humano. A frase do começo vem à mente: “Um desafio, mas eu tinha que tentar”. O fracasso humano de um desafio (a escalada) fez o sucesso de outro: o filme. E um belo filme.
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João Cândido at 02:00
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